22 de out. de 2010

Jacqueline

          A noite não prometia muito. Como sempre comecei no meu apartamento, sozinho, com uma vodka barata, algumas musicas na playlist e a cabeça na lua, que assim como hoje estava cheia e avermelhada.
          Era de se esperar que a vodka acabasse, a lua voltou ao seu tamanho e cor original. Aquela cor prata me deprimia profundamente, sem motivo aparente, e Jagger já não satisfazia mais meus ouvidos, eu precisava de ar, peguei minha jaqueta surrada e saí. Lá fora o vento frio me confortava, as nuvens cobriram a lua ingrata e eu resolvi entrar naquele bar, decisão que me atormenta até hoje.
          Parecia pacato e teria um show, uma banda meio alternativa, fiquei relativamente animado ao saber que incubus e strokes estariam entre as musicas escolhidas para tocar, tomei algumas cervejas, mas há noites em que quase nada tem a capacidade de me animar. Naquela noite, então, pedi ajuda a Daniels, o amigo dos desesperados, doses puras, com dois cubos de gelo, Até perceber que precisaria dele quente para enfrentar essa noite estranha.
          A musica parou, a banda começaria a tocar, olho pra entrada e é como se a lua vermelha do inicio da noite tivesse se personificado, longo cabelo loiro e liso, meio bagunçado, um rosto marcante, olhos castanhos, com contorno negro, capazes de me fazer estremecer com uma só olhada não era alta, mas naquele momento parecia ter 3 metros.
          Não consegui tirar o olho dela, a noite finalmente fazia sentido, começaram a tocar jet - are you gonna be my girl, se não me engano, e lá estava ela com seu namoradinho de uma noite, olhava para mim e beijava ele, esse gesto queria dizer alguma coisa? Porque ficava inquieta se me perdia de vista?
          Por ironia acabei conhecendo uma garota no balcão do bar, meio sem sal comparada aquela que me secava e tirava meu sossego, passamos o resto da noite juntos o olhar da minha musa havia mudado, não se focava mais em mim, não se focava mais em nada, um semblante estranho assumiu seu lindo rosto e aquela pele, clara como nuvens numa tarde de sol e céu azul, mostravam uma preocupação.
          Eu já não ligava para garota comigo, não sabia ao certo seu nome e que curso fazia, era mais velha do que eu, me pagou algumas bebidas e confessou que gostava do meu jeito. Não lembro de mais detalhes da nossa conversa.
          A banda parou de tocar, meu tormento foi embora com seu par e eu com o meu.

18 de out. de 2010

Prólogo


                Eu não gosto de você. Gosto de poucas pessoas e gozo em varias, mas isso não me faz gostar de você. Não somos amigos de infância ou irmãos de pais diferentes, não somos nada. Você me acha um bêbado babaca e eu te acho um idiota inútil.
                Nossa relação se resume a isso.
                Você pode ler o que eu escrevo, pode se reconhecer no que eu escrevo e pode até gostar do que escrevo, mas isso nunca vai te fazer melhor.
                Se espera finais felizes e historias bonitinhas vá ler crepúsculo e viva bem com a sua mediocridade.
                O que escrevo pode ser verdade, ou não. Você nunca vai saber.
                Pode suspeitar, mas certeza é algo que nem eu tenho.
                Para as mais belas criaturas da terra eu deixo meus sentimentos, vocês são minha fonte de inspiração.