É
engraçado como somos rapidamente julgados quando expressamos nossa opinião.
Olha que esse é um tema bem recorrente, principalmente quando se trata de
humor.
Recentemente
um caso a parte me chamou a atenção, postei no Facebook a seguinte frase: “Rio Grande do Sul ensinando o Brasil a assar
uma carninha”.
Sou
de família gaúcha. Meus avós são gaúchos, tios e vários primos. No Brasil há a
cultura das churrascarias gaúchas espalhadas aleatoriamente nos estados
brasileiros. É possível se achar uma dessas na Bahia. O contexto dessa frase,
porém, fez com que meus amigos e pessoas que faziam parte do meu perfil ficassem
extremamente irritados e ofendidos.
Na
noite anterior, em uma boate na cidade de Santa Maria duzentos e alguns jovens
morreram. Hora nenhuma na frase eu me referi necessariamente a essa tragédia, mas mesmo assim
fui julgado por isso. Engraçado. Quem é o babaca da história?
Este
seria um ótimo argumento para todos os comentários, mas eu quis deixar
subentendido o ocorrido na boate. Mea maxima culpa. Você se pergunta, ou não, o
porquê disso.
Bom...
Nós não somos especiais. É aquele discurso Palahniukiano batido já visto
internet afora. Eu assumi a postura de quem não se importa, porque de fato eu
não me importo. Se você não sofreu diretamente com aquilo, você também não tem razões para se
importar. Verdade seja dita.
“A sensibilidade é o que nos torna
humano.”
Besteira.
Você se sensibilizou porque pensa que poderia ter sido com você. Eu percebi nos discursos que me
repreendiam as seguintes frases: E se fossemos nós? E se fosse naquela boate
que a gente frequenta? E se fosse minha filha? E se fosse a sua mãe chorando? E
se fossem nossos amigos?
Vou
contar um segredo agora: Não era.
Não
aconteceu na boate que nos frequentamos, não era a minha ou a sua mãe. Agora eu
conto outro segredo, que você não quer assumir: Você não liga pra eles. Você
diz que acha ruim, porque se colocou no lugar deles, afinal é a mesma faixa etária
e de repente, num domingo nublado, percebeu que não é imortal e acidentes
acontecem.
Estamos
todos fadados a morrer, porque fazer disso grande coisa?
Quem
é babaca de fato? Eu que assumo o que penso e sinto ou você que veste o manto da solidariedade de momento?
O
que ocorreu foi de fato uma tragédia, eram jovens e toda essas coisas que a
sessão sensacionalista vai dizer bem melhor do que eu, mas isto na minha vida
foi só uma nota de rodapé, no máximo. Se você tinha parentes ou é um
sobrevivente daquilo, boa sorte. Procure os culpados e faça justiça, agora se
você, caro leitor, é só mais um reclamão que adora dar pitaco na opinião
alheia, cale-se e recolha-se a sua insignificância.
Pois
se podem colocar no facebook fotos de pessoas queimadas, eu posso ao meu bel prazer falar da minha insensibilidade.
E
se no final das contas, continuam não satisfeitos, Santa Maria precisa de
voluntários em diversas áreas, pegue o próximo voo ou ônibus.