14 de jan. de 2013

Entra! Tá aberta.



                Entre amores há sempre um vazio, um eco. Quase amores que brotam ali e não vingam, o terreno é infértil pra isso, é necessário deixar descansar. A cabeça não é um campo tão fértil assim e amores são prejudiciais. Eles ferem a nascente, vão direto ao coração e fincam seus esporos.
                Aí vem a desintoxicação, grandes doses de álcool e trabalho, músicas altas, perfumes novos, usados quase como remédios homeopáticos, e, em casos extremos repouso absoluto em clausura.
                Entre amores há sempre esse vazio que dura horas ou anos, suja lençóis e a dignidade. Doses de amnésia seriam necessárias, como recuperar um dos dons mais preciosos da infância?
                Mas o tempo passa e sempre que um amor acaba e porteira do campo parece se fechar aí entra um novo amor e se estabelece ali, num pedaço pequeno, vai aos poucos se apossando até tomar conta de tudo.
                E não importa quanto tempo passe, entre amores há sempre esse vazio estranho na cabeça.

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