Entre
amores há sempre um vazio, um eco. Quase amores que brotam ali e não vingam, o
terreno é infértil pra isso, é necessário deixar descansar. A cabeça não é um
campo tão fértil assim e amores são prejudiciais. Eles ferem a nascente, vão
direto ao coração e fincam seus esporos.
Aí
vem a desintoxicação, grandes doses de álcool e trabalho, músicas altas,
perfumes novos, usados quase como remédios homeopáticos, e, em casos extremos
repouso absoluto em clausura.
Entre
amores há sempre esse vazio que dura horas ou anos, suja lençóis e a dignidade.
Doses de amnésia seriam necessárias, como recuperar um dos dons mais preciosos da
infância?
Mas
o tempo passa e sempre que um amor acaba e porteira do campo parece se fechar
aí entra um novo amor e se estabelece ali, num pedaço pequeno, vai aos poucos
se apossando até tomar conta de tudo.
E
não importa quanto tempo passe, entre amores há sempre esse vazio estranho na
cabeça.
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