Talvez
seus lábios fossem labirintos, mas eu não tinha me dado conta. É o que
acontece quando se tem músicas com nomes de mulher.
Lábios doces e sacanas.
Encontros furtivos, conversa
animada e não era, só, a televisão. Talvez estávamos perdendo o nosso tempo
reclamando da perfeição. Mesmo que não nas palavras. Então, peitos, tesão e
chupadas, vinham a tona, como quem descobre o outro numa quarta feira fria.
A coluna se arrepiava a cada
sugada e o pau estremecia, lutava em se manter duro, firme e rígido, mas os
lábios e os olhos... Há os olhos, além dos seios, e a boca aveludada que atraem
os meus instintos não tão sacanas.
Não sei, sinceramente, se seu
olhar sempre me engana. Não sei como terminaria a nossa transa, como seriam as
noites sem a sua boca sacana.
Eu sei que, te deixo em casa após
algum encontro ilegal, pela janela você me beija com a mesma gana que beijava
meu pau, se vira e pega as chaves. Eu contorno o carro e passo, lentamente,
enquanto você tranca o portão durante a madrugada. Não nos vemos por meses,
pode ser que algum dia os meses virem anos.
Mas sempre que volto, sem pensar
ou por pensar demais digo que quero te ver, é como uma dança cigana. Pura
sedução subentendida. Eu entro, sempre, e me perco por uma noite a cada
semestre. Quem sabe duas.
Talvez tenhamos nos encontrado
sem pensar, mas não há tempo pra se arrepender e roer as unhas, o nosso crime tem perdão.
Mesmo que tenhamos feito sem pensar.