22 de jan. de 2011

Dancing with myself

          Outra noite vazia... Pessoas tão vazias quanto eu, talvez até mais. Assuntos maçantes, sorrisos forçados, brincadeiras desnecessárias... Uma noite sem mulheres e por incrível que pareça, seus olhos não saíam do meu pensamento. Aquele olhar vazio pro canto do bar, aquele olhar de susto ao perceber quando chegava ao seu lado no balcão, mesmo que fosse para pegar outra dose.
          A tempos não pensava em você e não tinha uma imagem exata de toda aquela noite tão solitária quanto essa.
          Dessa vez meu caderno e a caneta fazem o papel do uísque barato... E a cabeça, atordoada de pensamentos talvez causados pelo álcool, dão lugar a uma mente sóbria, doente, que se sente castrada e fraca. Tenho certeza que você nunca vai ler o que escrevo e tenho certeza também que:
                                      “Well there's nothing to lose
                                       And there's nothing to prove
                                       I'll be dancing with myself
                                       If I looked all over the world
                                      And there's every type of girl
                                      But your empty eyes
                                      Seem to pass me by
                                      Leave me dancing with myself”

9 de jan. de 2011

Nobody’s fault but mine

            “Você é estranho”, “as pessoas tem medo de você”, “você é doente”, mais um dia, as mesmas palavras vindas de pessoas que são simplesmente iguais as outras, monótonas, entediantes, meu gin tem um léxico gramatical mais extenso que elas. Minhas músicas e algumas estrelas, que consigo ver da janela do quarto são mais interessantes. Será mesmo que o sexo com elas é assim tão bom quanto parece? Já que putas fazem o mesmo trabalho, e eu não preciso manter contato.
            Garotas legais não deveriam se envolver comigo, elas não merecem passar pelo que passam com caras como eu, nós somos raros, mas isso não quer dizer que somos especiais. Temos um estilo de vida e um gosto diferente do habitual, nos jogamos o tempo todo e no final todos perdem.
            Ela era uma garota legal, dizia que a cortina deixava meu quarto azul e azul era sua cor favorita, ela gostava da minha cama e das sensações que eu causava nela. Era bonitinha mas muito insegura, reclamava da falta de atenção e que não gostava que eu levasse o café pós-sexo com as chaves do carro dela.
            Tinha uma boca linda e sabia alguns truques, era relativamente inteligente e mantinha algumas tatuagens legais e uns piercings, estrategicamente localizados, mas meu gin ainda era mais atraente que ela no final da noite.
            Durou o suficiente pra que ela conseguisse transformar o que sentia por mim em raiva ou frustração, não sei direito, tentou jogar o carro pra cima de mim algumas vezes na rua, quando nos esbarrávamos pela madrugada enquanto eu voltava a pé pra casa, por sorte ou acaso ela nunca conseguiu.
            Queria poder dizer que sinto falta daquela boca.