“Você
é estranho”, “as pessoas tem medo de você”, “você é doente”, mais um dia, as
mesmas palavras vindas de pessoas que são simplesmente iguais as outras, monótonas,
entediantes, meu gin tem um léxico gramatical mais extenso que elas. Minhas músicas
e algumas estrelas, que consigo ver da janela do quarto são mais interessantes.
Será mesmo que o sexo com elas é assim tão bom quanto parece? Já que putas fazem
o mesmo trabalho, e eu não preciso manter contato.
Garotas
legais não deveriam se envolver comigo, elas não merecem passar pelo que passam
com caras como eu, nós somos raros, mas isso não quer dizer que somos
especiais. Temos um estilo de vida e um gosto diferente do habitual, nos
jogamos o tempo todo e no final todos perdem.
Ela
era uma garota legal, dizia que a cortina deixava meu quarto azul e azul era
sua cor favorita, ela gostava da minha cama e das sensações que eu causava
nela. Era bonitinha mas muito insegura, reclamava da falta de atenção e que não
gostava que eu levasse o café pós-sexo com as chaves do carro dela.
Tinha
uma boca linda e sabia alguns truques, era relativamente inteligente e mantinha
algumas tatuagens legais e uns piercings, estrategicamente localizados, mas meu
gin ainda era mais atraente que ela no final da noite.
Durou
o suficiente pra que ela conseguisse transformar o que sentia por mim em raiva
ou frustração, não sei direito, tentou jogar o carro pra cima de mim algumas
vezes na rua, quando nos esbarrávamos pela madrugada enquanto eu voltava a pé
pra casa, por sorte ou acaso ela nunca conseguiu.
Queria
poder dizer que sinto falta daquela boca.
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