Quem me
conhece sabe bem que não sou do tipo patriota, nem regionalista. Não tenho
orgulho em dizer que nasci em Catalão e muito menos que sou brasileiro.
Tenho
um pouco dessa coisa de “Santo do lugar não faz milagre”.
Mudei
para o interior de Minas a uns dois ou três anos atrás, até então não tinha
pensado que o clima e, relembrando as aulas de Leider e Fred, a biodiversidade
pudessem afetar tanto o jeito de um povo.
Goiás é
um estado seco, um imenso cerrado quase todo plano, e seco. Com terra meio
branca, e seca, em alguns lugares e meio vermelha seca em outros, com árvores retorcidas
de diferentes tamanhos, cascas grossas e secas.
Enfim,
uma grande porção de muita coisa seca. Mas no meio disso tudo, em certas épocas
do ano, é possível se ver algo como ipês, tão floridos como na música.
O ponto
que quero chegar é: por mais que tente fugir, negar, mudar, isso está nos goianos,
está em mim. Essa secura como nos meses de Julho e Agosto que chega a quase
ferir pessoas desavisadas, junto com essa beleza meio estranha, quase feia, em
tons amarelados ou meio roxiados. Essa distância próxima, onde mesmo passando
anos ao lado de goianos não seria possível descobrir tudo. É como se guardássemos
um segredo, mesmo que não tenhamos segredo algum.
Dedicado ao arroz com pequi que fiz no almoço hoje.