Ela
levantou e pós os pés descalços no chão, quase como fazia todos os dias, foi ao
banheiro e voltou para cama, se jogou de bruços e olhou para parede esquerda do
quarto. Pegou o celular, leu a ultima mensagem recebida e ligou para o
trabalho.
Com
um pico de energia colocou aquele velho disco do Noel pra tocar, tomou uma xícara
de chá e voltou à posição original.
O
celular vibrou de novo.
Leu
e com a mesma apatia corporal deixou cair o ultimo suspiro da bateria. Focou na
marca do pé dele naquele canto da parede ao lado do descascado, naquela marca
do calcanhar suado de um desses sábados depois do jogo quando ele chegava mais
sedento do que nunca e ela estava quase sempre a fazer as unhas.
O
coração batendo descompassado fazia pensar em todas as mentiras que ouviu. O ultimo
ensaio foi marcado, ela descobriu por acidente naquela esquina. Saiu cantando sem
querer sua vida na avenida.
Agora
desfilava seu bloco – quase – tradicional naquela quarta feira nublada enquanto
o mundo dizia: “A Eunice do Socorro não veio hoje, ligou cedo avisando que tava
doente”.
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