Tenho
passado por tanta coisa que acabei perdendo a identidade. Não sei se tá por aí
em alguma paixão do passado ou na calça jeans que usei sábado à noite.
19 de dez. de 2012
13 de dez. de 2012
E se...
Eduardo.
Um rapaz simples de origem hispânica, ou seria inca? É difícil saber. Mas, com
toda certeza, que meus bigodes podem assegurar, não havia nada de mexicano.
Não
que eu tenha problema com xicanos. Sério.
Até
gosto das mexicanas. Acho que é a pimenta... Não existe outra explicação. Assim
como li em algum lugar que os hormônios na criação dos frangos estão a
atrapalhar os casamentos, pimenta na culinária se reflete no corpo e na
atitude, não há outra explicação possível.
Eduardo
Rodolfo, vinte anos nas costas, gosto simples. Tocava violão como ninguém, saía
bastante e nenhuma espinha no rosto. Cabelos negros como a noite que não tem
luar e olhos de peixe morto.
Parece
interessante, né?!
Mesmo
assim não comia ninguém.
Peraípai!
Você tá me dizendo que alguém que toca violão pode ficar sem comer alguém?
Não.
Eu estou te dizendo que Eduardo Rodolfo, nascido e criado em meio a confusões
políticas e recém chegado ao Brasil Feminil não come ninguém. E não come porque
não quer. Ele não é do tipo fanático religioso ou que espera a princesa. Ele
não espera o príncipe também.
Prefere
Maria Helena.
Sim...
Seu violão se chama Maria Helena. É clichê, mas ele gosta. O pobre rapaz se
sente bem em ficar a beira da calçada, no cair da noite ou no romper da
madrugada, e dedilhar acordes casados, melódicos, sofridos e agitados.
Processe-o por isso.
E
com 17 aninhos em algum lugar da Guatemala está Lucia.
Lucia
que tem luz própria, uma pequena de curvas fartas e barriga lisinha. Pele
queimada do sol, um cabelo meio judiado e olhos com brilho. Jeitinho faceiro,
dentes branquinhos que nem sal novo. Roupas levinhas que nem as mãos pequenas e
um pouco, só um pouco, calejadas do trabalho braçal. Os braços são finos, não
me entenda mal. O rosto é simétrico, muito bem desenhado e o melhor detalhe,
pelos no lugar certo, nenhum a mais ou a menos espalhado por aí.
Lucia
não dá pra ninguém.
Já
tentaram, de verdade, embebedaram a coitada de tequila, já deram haxixe do
forte e maconha hidropônica enrolada em celulose. Tesão de vaca, viagra e
tentaram, até, fazer promessas. As belas pernas, mais torneadas que as de um
cavalo de corrida não se moveram nem um centímetro rumo ao coito.
Decepcionante.
Eu sei.
Eu
me pergunto. O que aconteceria a Lucia se por acaso se encontrasse com
Eduardo?...
O
que sairia dali?
Eduardo
Rodolfo continua em algum lugar do Brasil, sentado na calçada tocando modas
espanholas, enquanto Lucia quebra corações no atacado, que nem liquidação de
saldão: cama, mesa e banho.
A
vida tem dessas coisas... É meio indecifrável, tanto o coração de um rapaz com
um instrumento quanto a cabeça de uma mulher que aprecia longos banhos, nua, em
alguma cachoeira perdida na América central.
6 de dez. de 2012
Fluído
Tesão
é a base do amor. Aí vem você me dizer que existe amor de amigo e mimimi pai e
mãe mimi e essas paumolagens todas. Pois bem, eu não estou falando desse amor.
Me
cite dois casais que se amam e que, ali entre os dois, não exista tesão.
Podem
ser dois homens, duas mulheres, um homem e uma mulher, se for colunista da veja
vale, até, um homem e uma cabra. Dois casais que se amam e não sentem tesão um
pelo outro.
Vou
facilitar sua vida.
Um
só.
É
difícil né?! O tesão recebeu ao longo dos anos esse fardo estranho, essa coisa
complicada. Como se fosse errado e devêssemos nos sentir como pessoas ruins por
termos isso. Enquanto o amor, durante os séculos, foi eternizado em sonetos e
cartas, poesias e em calças apertadas e corações inseguros gravados a força em
qualquer madeira.
Eu
sinto falta dos relatos puros de algum período da humanidade, já que os reis fodiam
e as camponesas e camponeses com seus dentes podres e genitais mal lavados
fodiam. O que temos disso?
No
máximo uma nota de rodapé: Foi queimado por trepar!
Triste.
Mais
triste ainda é perceber que hoje, também, se queimam pessoas por amar, amar na
forma mais pura, simples e inicial, durante uma bela trepada em uma tarde
entediante de dezembro.
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