29 de mai. de 2012

Calorosamente seco

              Quem me conhece sabe bem que não sou do tipo patriota, nem regionalista. Não tenho orgulho em dizer que nasci em Catalão e muito menos que sou brasileiro.
                Tenho um pouco dessa coisa de “Santo do lugar não faz milagre”.
                Mudei para o interior de Minas a uns dois ou três anos atrás, até então não tinha pensado que o clima e, relembrando as aulas de Leider e Fred, a biodiversidade pudessem afetar tanto o jeito de um povo.
                Goiás é um estado seco, um imenso cerrado quase todo plano, e seco. Com terra meio branca, e seca, em alguns lugares e meio vermelha seca em outros, com árvores retorcidas de diferentes tamanhos, cascas grossas e secas.
                Enfim, uma grande porção de muita coisa seca. Mas no meio disso tudo, em certas épocas do ano, é possível se ver algo como ipês, tão floridos como na música.
                O ponto que quero chegar é: por mais que tente fugir, negar, mudar, isso está nos goianos, está em mim. Essa secura como nos meses de Julho e Agosto que chega a quase ferir pessoas desavisadas, junto com essa beleza meio estranha, quase feia, em tons amarelados ou meio roxiados. Essa distância próxima, onde mesmo passando anos ao lado de goianos não seria possível descobrir tudo. É como se guardássemos um segredo, mesmo que não tenhamos segredo algum. 




Dedicado ao arroz com pequi que fiz no almoço hoje.

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