1 de fev. de 2012

Primeiro dia.


             Hoje começo esse diário. Percebi que minha memória já não é lá das melhores, mal me lembro o que pedi no almoço de ontem, mas esta manhã estava clara, me levantei. Tinha casos a resolver, bucetas a fuder e uísques a beber. Minha filosofia de vida nunca foi tão satisfatória.
                A vida não deveria se complicar mais do que isso. Tomei um banho, servi uma dose graúda de vodka com gelo e peguei meu terno cinza. Era o único que não estava sujo.
                Enquanto colocava meu chapéu pensava: “Hoje merda nenhuma vai me atingir”
                O vento frio e a possibilidade de nevasca me fizeram pegar meu sobretudo. Odeio roupas surradas. Parei na loja de bebidas no caminho do departamento e comprei dois maços.
                “- Filtro vermelho
                - O senhor sabe que é mais forte, né?!
                - O problema é meu, filho da puta...”
                Irônico como não tenho paciência para pessoas enxeridas. Meu carro começa a dar defeito novamente, acho que é o radiador. Preciso colocar logo a mão nessa bolada antes que a porra toda estoure e eu tenha que engolir como as putas do lado oeste.
                O clima no departamento estava cinza, o humor da secretaria radiante, foi bem comida a filha da mãe. Até que não seria de todo mal colocar as mãos e a boca naquele rabo.
                “- Dois recados pro senhor... Um deles diz ser o dono do livro e o outro diz querer tratar sobre o carrossel”
                Esses viados estavam tentando me fuder, não existe outra explicação. Eu deveria colocá-los de quatro e mostrar que não se brinca com o maior investigador dessa merda de cidade.
                Calma rapaz, pensei na hora. Você não é mais um muleque para agir por impulso, já dizia D. Corleone: “Só mulheres e crianças podem ser descuidados”  
                Olhava com certo tesão aquele quadro rabiscado, a sensação que tinha é que estava prestes a resolver tudo, a cidade se curvaria diante de mim. Seus ratos hipócritas da alta sociedade lamberiam minhas bolas. Estava animado demais para almoçar.
                Retornei as ligações de um telefone publico próximo ao bar de motoqueiros. Reuniões marcadas. Só preciso esperar a data certa e rezar a Deus ou ao Diabo para que ninguém mais do departamento chegue aos resultados que tive.
                O resto do dia foi inútil. Aqueles filhos da puta estão com o queijo, mas eu tenho a faca e eles ainda não fazem idéia disso.
                É bom que tenha tudo registrado, caso acabe com um sapato de concreto no fundo do rio. Ainda vai um tempo até me acostumar com essa idéia de diário. 

Um comentário:

  1. Você ainda vai ser famoso pelo que escreve. É muito bom, parabens!

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