Ele
chegou, sentou em um banco no balcão. Afrouxou a gravata e pediu uma cerveja.
Duas goladas no copo, já suado, e sentiu que precisaria de algo mais forte,
algo mais ácido, algo mais parecido com uma mulher.
“Me
vê duas doses de cachaça também!”
O
mundo sabe que o uísque é o cão engarrafado, é o melhor amigo. A cachaça é
diferente, ela te faz perder a cabeça, te deixa de quatro. Apaixonado. Babando e
querendo mais. A cachaça é uma mulher, não qualquer mulher. É aquela que te
pega de jeito, suga sua alma, seu sêmem e a sua dignidade.
Que
quando vai embora deixa um rombo na sua carteira quase tão grande quanto o da
sua moral.
E
você fica ali com dor de cabeça, estomago reclamando, a visão embaçada e as
pernas bambas. Ferrado. O que não é lá muito diferente de estar apaixonado.
Pediu
outra cerveja.
Olhou
pro lado. Ela sorriu com os olhos, ele pediu mais uma dose. Ela acariciava o
copo com a boca esperando uma oportunidade e ele queria amnésia liquida.
A
noite vermelha de vento fresco abafado passou rápida e pra ele, só restou o
outro dia, um atraso no escritório, uma calcinha embaixo do travesseiro e um
bilhetinho que trazia logo após o número, um singelo: “Me liga!”
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