7 de ago. de 2011

Laugh, I nearly died

Passou a mão no telefone e ligou. Nunca escondeu que não se sentia a vontade falando ao telefone, custava retornar as ligações de seus pais, jamais ligava pra alguma mulher - Independente de quem fosse e do que queria com ela.

Mas essa noite ele ligou.

Ligou porque não conseguiria dormir sem ouvir a voz dela, precisava de mais uma dose. Mais uma dose dela, mais uma dose de ilusão. Para surpresa dele, ela ainda não havia ido dormir tinha ficado até aquele momento lendo, vendo algo na TV ou simplesmente em algum lugar olhando pro nada pensando na vida.

Já era tarde.

Apenas os cachorros e gatos da rua presenciaram ele se perder nas palavras, engasgar e não conseguir se expressar, mais uma vez. Apenas os cachorros e gatos presenciaram também seu rosto mudar quando ela disse: “Alô?”. Ele então assumiu a postura que sempre teve com ela. Foi sincero.

Contou porque tinha ligado, disse algumas coisas. Queria dizer outras. Achou que estava incomodando e desligou. Foi dormir desejando um abraço.

O engraçado é que naquela noite ele não estava arrogante, estava inclusive menos nervoso que nas noites anteriores. Ouviu calado coisas que em outras ocasiões não ouviria. Naquela noite em especial o lobo se comportava como um cão.

Era como se estivesse cansado.

Realmente estava. Cansado de ser um lobo sem alcatéia, da musica eletrônica do vizinho, de pessoas vazias e garrafas cheias. Naquela noite em especial se sentiu mais amigo, se sentiu diferente. Mas com o telefone desligado e o rosto corado não restava muito a fazer. Apagou o cigarro e tentou dormir um pouco.

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