19 de out. de 2011

Boy with a coin

Em noites quentes gostava de freqüentar lugares frios. Cavernas, tavernas, tabernas, botequins. “Traga o seu vinil” dizia o anuncio. Com a cabeça vazia e o coração cheio, me pareceu uma boa idéia. Mal sabia eu que ali, “valsando como valsa uma criança”, estaria alguém tão estranho quanto eu.

"-Oi estranha. O mundo é um lugar cruel, quente e sujo. Eu já fui legal como você é, de sorriso simples com olhos brilhantes. Estranha, o mundo é impiedoso e não dá pra se esconder atrás dos cigarros e garrafas a vida inteira. Acredite em mim, eu tentei."

Queria pará-la e dizer tudo isso e muito mais, mas não fiz. Ela enfrentaria o mundo como eu enfrentei, bom diferente de mim ela não estaria sozinha, nunca esteve. Amigas, família, amores e eu que de longe ouvindo essa valsa triste imaginava ser dela o guardião.

Perdido entre doses e pensamentos, perdendo tempo, ganhando tempo assisti a noite passar caminhando em passos lentos ao lado da estranha de olhos fechados, rosto alegre que se julgava amada, e, de fato era.

Eu a amava.

Por uma noite ou algumas horas que fossem. Ela era amada como nunca tinha sido e como jamais seria novamente. Entre cigarros, sorrisos e bebidas, na escoria fria e poética da cidade cercada por serras e matas. Ela, eu e aquela valsa triste em uma dança sem fim.

2 comentários:

  1. Bacana demais ! curti os posts ... esse seria de alguem apaixonado ?! huehueheu

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  2. "O mais belo triunfo do escritor é fazer pensar os que podem pensar."

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