9 de fev. de 2012

Me tem, amor


                “Vou fingir que ainda to dormindo, ele sempre acorda animadinho” Pensava enquanto ele se levantava. Virou pro lado e deu uma resmungada, como de quem briga no sonho. Sentiu o cheiro característico do café sem açúcar e se sentiu levemente irritada.
                “Daqui a pouco ele vem passar aquela colônia fedorenta”
                - Bom dia.
Estranhou o beijo, era o mais caloroso que já havia ganhado e se permitido dar em anos. “Hoje faço uma comidinha gostosa pra ele, se não fosse essa pasta de dente vagabunda eu até que podia abrir uma exeção”
                Irritou-se novamente com a toalha molhada em cima da cadeira de frente para a penteadeira e com a xícara suja de café na pia da cozinha. “Pelo menos hoje não tem migalhas de pão”
                - Vou comprar cigarros.
                Enquanto ele saía pela porta ela corria para a janela, gostava de ver quando ele dobrava a esquina. “Engraçado, não me lembro de ver o Astolfo fumar” Era o que pensava naquela entediante manhã de quarta-feira ensolarada.
                

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