Levantou. Abriu a janela, observou o dia ensolarado de céu azul e nuvens brancas. Respirou fundo, tomou um banho frio. Secou-se com a melhor toalha, bebeu uma xícara bem servida de café. Escovou os dentes e beijou apaixonadamente sua esposa.
Passou gel e penteou os cabelos para traz, arrumou o bigode e despejou um pouco de colônia no pescoço, peito, punhos e atrás da orelha. Vestiu seu terno preto novo, camisa branca e deu um nó bem dado naquela gravata preta que ganhou de natal. Calçou os sapatos bem engraxados, colocou o cantil com conhaque no bolso de dentro do paletó, a carteira no bolso de traz da calça e saiu.
- Vou comprar cigarros.
Vinte anos depois ela ainda espera na janela, como aquelas namoradeiras das casas de Minas Gerais, o radinho a pilha tocando chorinhos e o olhar triste no horizonte sempre a lembrar do que pensava naquela fatídica manhã.
“Engraçado, não me lembro de ver o Astolfo fumar”
Nenhum comentário:
Postar um comentário