6 de fev. de 2012

Segundo dia.


Não sei ainda como começar. Não dormi direito à noite, mas acho que o diário está funcionando. Não lembraria nunca dessa maldita reunião de hoje com o delegado. As coisas estão estranhas. O ar está pesado, meu otimismo de ontem sumiu... Se esse outono não passar logo as coisas vão ficar feias por aqui.
                Não tinha muito que fazer, fritei um ovo, preparei café e servi uma caneca farta meiada com uísque. O Apartamento está uma verdadeira zona, parece que foi revirado por vagabundos.
Terão sorte se conseguirem achar algo de valor aqui.
 Tomei um banho, separei minhas roupas para a lavanderia.
Lembrete: buscar roupas amanhã na avenida principal, passar no alfaiate e no mercado do francês. Reunião com o dono do estábulo.
 Tenho trinta e sete horas até amanhã, imagino o que seria do mundo se os dias fossem menores. Aquele pedaço de merda que chamam de carro estragou de vez, tive de acionar o seguro, preciso resolver logo as merdas dessa cidade.
Minha mãe nunca confiaria em mim não entendo porque essas pessoas confiam.
Vesti uma camiseta preta, um blazer e jeans. Odeio ir trabalhar vestido como mendigo. Chegando no departamento minha secretaria não estava tão alegre quanto ontem, os olhos hoje inchados pareciam ter levado uma surra, o rabo continuava incrível.
“Surra de piru” pensava.
“Senhor, deixaram recado do sanatório, ela já pode ir pra casa amanhã” dizia ela.
“Droga! As coisas estão ficando complicadas por aqui, eles não poderiam segura-la por mais uns dias? Ligue para uma diarista e mande dar uma geral no meu apartamento ”
“Tem um rapaz com sotaque estranho que te esperou aqui até agora pouco também, não deixou telefone.”
“Esse filho da puta pode esperar, estou indo para reunião com o dono do livro”
O delegado me esperava em sua casa, uma bela casa para um delegadozinho de merda. A empregada me mandou ir direto ao escritório.
“O filho da puta está mesmo atolado na merda...” Era o que ficava na minha cabeça.
- Bom dia Korsakoff... Temos assuntos a tratar.
- Primeiro o livro...
Não vou descrever todo o dialogo, mas hoje com toda certeza foi satisfatório, quando a porra toda vier a tona ninguém vai saber de onde veio o golpe. 

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