30 de jul. de 2012

Em aberto

                Se ele soubesse o que aconteceria naquela noite teria ido mais cedo, vestido de cangaceiro e com um sorriso nos lábios. Se ele soubesse. Mas ele não sabia, ainda bem. Por não estar interessado em ninguém conheceu uma das pessoas mais interessantes que já cruzaram seu caminho.
                Trocaram olhares, palavras, carinhos. Cético passou contato, não achou que ela o procuraria. Afinal porque alguém iria se interessar por mais de uma noite com um universitário quebrado. Ele crente que nunca mais a veria desabafou no papel. O uísque como amigo, folha e caneta como confidentes.
                Agora eu tento explicar a vocês o porquê de tudo isso. Ele sempre quis uma mulher em sua vida, até hoje só tinha encontrado garotas. Ela era diferente. Ele percebeu isso nas primeiras palavras trocadas.
                Pessoas têm o péssimo habito de acreditar que outras pessoas deveriam vir sem passado e sem bagagem emocional. Não ele. Sempre se atraiu por tipos de passado duvidoso, de problemas emocionais difíceis demais de se resolverem em uma semana ou duas.
                Ela se encaixava perfeitamente em tudo o que ele sempre quis. Uma mulher. Ela era daquelas de beleza simples, coração esperançoso que não negava o cansaço e ainda acreditava mesmo que não  parecesse na sinceridade alheia.
                Ele se rendeu aos encantos e acalantos daquela moça de cabelos escuros, pele branca, sorriso fácil e fala mansa. A noite passou lenta depois que se conheceram, viveram tantas coisas em poucas horas. Ela chorou magoas de outro amor, ele deixou escapar segredos.
                A química foi intensa. Não seria de outro jeito, não com os dois. Ela dizia que isso acontecia porque ele era de libra e ela de escorpião, ele só culpava a cumplicidade mesmo. Durante horas foram testemunha, cúmplices e confidentes.
                Passaram pela loucura de fazer coisas que não se devem ser feitas na rua, “calor do momento” ela dizia. Ele sabia que não. Não era o calor do momento, era a vontade presente em ambos. Vontade que persiste ainda se me permitem falar.
                Aquela noite se foi, na manhã do outro dia, bem cedo, ela pegou estrada de volta a sua vida, deixando pra traz o que chamaria mais tarde de noite surreal. Ele voltou para sua rotina desregulada, noites sem dormir, mulheres sem sentido e tudo mais.
                O engraçado é que ele não desistiu dela, ainda pensa em ir visitá-la, ver aquele sorriso lindo novamente de perto, beijá-la e amá-la o quanto puder, até se for por apenas mais uma noite.
                Ela de vez em quando sonha com ele, coisas estranhas sem nexo, mas acorda feliz. Com uma saudade leve no peito, daquelas boas de sentir.

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