29 de jul. de 2012

Lady Madonna

                Bom, às vezes a idade não significa muita coisa. Essa menina, por exemplo, era três anos mais nova que ele e obedecia os padrões Disney de moda, mas tinha um prazer imenso em ler, ouvir Beatles e gostava principalmente de provocar.
                Provocava.
                Mesmo que não de maneira direta ou intencional, mas provocava. Com aqueles grandes olhos escuros e as boas piscadas quando te olhava diretamente. Provocava pela aparência desenvolvida e o riso de menina que fazia o corpo de mulher tremer.
                Com belos seios, um pescoço de fazer qualquer ser consciente desejar um pedaço na boca a qualquer hora do dia ou noite, lábios carnudos e um jeitinho carinhoso meio bruta, assim como todo bom goiano.
                Provocava por saber onde tocar e o que falar, provocava pelo riso sacana de quando puxava o pobre rapaz para o banheiro de algum lugar e beijava a boca com a vontade de quem bebe água em uma tarde de verão quente e seca.
                Provocava por não estar sempre presente e ter a manha de deixar na mente a vontade, ela sabia onde pisar e até quando era o momento certo de ficar brava.
                Aquela era uma boa garota...
                E, por mais que tenham tomado rumos distintos, ele ainda se sente provocado quando num domingo preguiçoso olha para cama e vê alguém vestindo alguma de suas camisetas surradas de uma banda pouco conhecida deixando a mostra à voltinha da bunda, os pezinhos balançando, o cabelo preso, óculos com modelo meio estranho e a lente com grau um pouco mais alto lendo algum livro iraniano.

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