30 de set. de 2012

É que tá tenso aqui embaixo



                A semana tinha sido quente, quente como inferno só que sem as mulheres promíscuas e o álcool grátis. O final de semana foi frio, tão frio quanto a primeira namorada.
                A coisa foi séria.
                O corpo dele pedia ajuda, a boca latejava, parecia um trabalho impossível para os olhos se manterem abertos e funcionando, os joelhos rangiam e o machucado da mão demorava mais que o normal para cicatrizar.
                Como se tudo isso não fosse o bastante, a vodka subiu de preço, as mulheres não olhavam para ele, a cerveja nunca estava na temperatura ideal e sua voz andava rouca. Em casa o gás acabou, o chuveiro queimou e a maquina de lavar pegou fogo levando junto suas melhores camisas.
                Tudo aquilo apertou o coração, mas de sua boca só se ouviu uma frase. Uma única oração naquele domingo de vento gelado, solitário, naquela pequena grande quitinete: Deus! O senhor está por aí? Aqui sou eu Felipe Eduardo...
                E foi a ultima vez que se sentiu desesperado o bastante para acreditar que tal coisa funcionaria.   

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