De
vez em quando é bom correr. Levantar cedo, encarar a ressaca de frente e dizer:
“Hoje não!” e sair pela avenida, transpirando álcool, pirando a cada nova
esquina e sentindo os pulmões pedirem ar.
De
vez em quando.
Se
você faz algo assim sempre, se torna rotina e rotina é chata... Ou não.
Hoje
eu fiz isso.
Levantei,
olhei meu rosto no espelho, me achei meio pálido. Com o cabelo bagunçado mesmo,
coloquei um tênis e sai, mas o que valeu o dia não foi a corrida cedo.
Quando
eu estava chegando, derretia em suor e cansaço e ela estava indo na direção
oposta. O vento batia nos seus cabelos meio avermelhados e seu rosto branco
ressaltava as sardas. Já tinha alguns meses que não a via passar. Abri a porta
e fiquei ali sentado, hora colocava os pulmões pra fora e hora controlava meu
coração, que não queria cessar a arritmia.
Hoje
não foi a corrida, ou um livro, uma cena bem executada ou uma música legal.
Hoje o que valeu meu dia foi a ruiva que desfilou o caminho até a padaria
enquanto eu tentava buscar forças para as pernas.
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