20 de set. de 2012

Minduim



                De vez em quando é bom correr. Levantar cedo, encarar a ressaca de frente e dizer: “Hoje não!” e sair pela avenida, transpirando álcool, pirando a cada nova esquina e sentindo os pulmões pedirem ar.
                De vez em quando.
                Se você faz algo assim sempre, se torna rotina e rotina é chata... Ou não.
                Hoje eu fiz isso.
                Levantei, olhei meu rosto no espelho, me achei meio pálido. Com o cabelo bagunçado mesmo, coloquei um tênis e sai, mas o que valeu o dia não foi a corrida cedo.
                Quando eu estava chegando, derretia em suor e cansaço e ela estava indo na direção oposta. O vento batia nos seus cabelos meio avermelhados e seu rosto branco ressaltava as sardas. Já tinha alguns meses que não a via passar. Abri a porta e fiquei ali sentado, hora colocava os pulmões pra fora e hora controlava meu coração, que não queria cessar a arritmia.
                Hoje não foi a corrida, ou um livro, uma cena bem executada ou uma música legal. Hoje o que valeu meu dia foi a ruiva que desfilou o caminho até a padaria enquanto eu tentava buscar forças para as pernas.

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