Certa
vez em Goiás conheci um rapaz. Ele tinha cabelos castanhos que fugiam por
debaixo do seu chapéu de cowboy, dentes amarelados e a boca sempre aberta
deixava escapar o hálito de cachaça bebida. A pele queimada do sol, já não era
mais branca. Os olhos não ficavam tão abertos e o branco, assim como na pele,
dava lugar ao vermelho.
E
ele falava de cavalos, vacas e cabras. Ele falava de mulheres, pescarias e
cervejas enquanto tufos de cabelo castanho tentavam escapar por debaixo do
chapéu. Enquanto a saliva voava alcoólica alguns passos à frente, ele cantava
modas antigas e tocava um desafinado violão.
As
pessoas nos bares, nas ruas e nas chácaras não davam atenção. As nuvens com
seus cães, dragões e cartolas, não davam atenção.
Seu
chapéu de cowboy caiu enquanto saia, e as lagrimas caiam quando ele dizia que
tinha mulher e filha.
O
mundo não foi cruel.
Ele
dizia, colocando o chapéu, que as pessoas foram e ele acabou por perder o que
não devia.
E
o rapaz falava de cavalos e mulheres, pescarias e vacas, cervejas e cabras,
churrascos e amizades enquanto mechas de cabelo fugiam por debaixo do chapéu de
cowboy e lágrimas salgadas escorriam até a boca com dentes amarelos e cheiro de
cachaça bebida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário