28 de set. de 2012

Nem desconfia



                A gente faz tanta coisa. Fazemos hora na fila do meio dia, alguns almoçam outros se coçam, antigamente as crianças tomavam, até, banho de bacia.                 A gente saía e sentava na porta, conversava com o vizinho e dizia bom dia. Nos finais de semana, na calçada, a gente lavava a roupa suja e bebia chimarrão olhando as crianças correndo na rua.
                Tinha arvores e grama, nem sempre estavam verdes e às vezes floriam.
                A gente esperava que chegassem do serviço com suas botinas enlameadas e o cheiro de cigarro e café, a garrafa de água embaixo de um dos braços e a jaqueta cinza no outro. Aí a gente esperava até que tomassem banho e jantassem pra poder conversar, e rir, e tocar violão.
                Falávamos da Fia que amava o João, do Carlos casado com a Maria e da viúva Marlene com seus filhos, aí nos despedíamos e íamos dormir enrolado na colcha de retalho esperando o outro dia.
                E outro dia vinha, as coisas iam mudando e a gente nem desconfiava.

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