Ela
acendeu um cigarro, se olharam nos olhos e sorriram sem graça. Ela olhou pra
frente, apoiada na varanda. Ele olhou para baixo, pro violão que se apoiava nas
pernas cruzadas. Falaram sobre a cidade, o Brasil, clima, teatro, cinema,
literatura. Ela saiu rápida dizendo querer um café: “É para acordar!” dizia com
seu sotaque estrangeiro carregado, ele se apoiou nos acordes, céu azul claro e
a brisa leve que batia no segundo andar.
Se
encontrariam de novo no ônibus.
Depois
no teatro, ele iria convidá-la para comer e aí almoçariam juntos num lugar
simples que mais parecia uma padaria, mas passariam todo o dia acompanhados um
do outro sem que percebessem. No jantar sentariam em mesas próximas, ela de
costas pra ele, ele com colegas estafantes.
Nos
bares a noite, se esbarrariam e iriam rir e falar sobre cachaça e cerveja,
trocariam mais olhares e algum carinho discreto até o beijo, que levaria ao
sexo e que o deixaria bobo.
Exatamente
da mesma maneira que está agora, sentado ali na varanda do segundo andar, com o
cabelo pra traz molhado ainda do banho, de chinelas e pernas cruzadas, tocando
acordes soltos enquanto ela toma um café na recepção do hotel, dizendo bom dia
entre um sorriso e um gole aos hospedes educados que passam rumo à porta.
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