4 de jun. de 2013

Ele voltou.



                É como se a cada tragada, uma fumaça escura sufocasse. Não é a nicotina. O ciúme é algo maior e mais forte, tão viciante quanto crack. Mesmo que ele soltasse, a cada suspiro, um terço do sentimento tóxico que apertava o coração, a suave e negra fumaça, oriunda de um sentimento possessivo, insistia em sufocar. Deixava a vista turva.
                A alma tremia junto ao estômago.
                O corpo não se alimentava e, nem mais, sonhava. Sozinho. Era a zona de conforto. Essa instigante e amedrontadora solidão era sua casa, ele dominava bem, afinal, viveu toda uma vida assim, uma curta e breve vida, só, até ela surgir. Enfim, lar doce lar. Mas ele sentiu vontade de não voltar, de dizer que amava, de prostrar de joelhos diante daqueles grandes, e vermelhos, olhos cor de mel e dizer que perdoava o que ela não sentia arrependimento em ter feito. Passar por cima de algo que não gerou, sequer, uma leve brisa de mudança.
                Lágrimas de belas mulheres são e serão sempre contagiantes.
                Toda raiva do mundo se põe diante dos pés das mulheres que despertam, em canalhas, o sentimento nobre. Ele era um canalha. Não havia feito feliz uma alma qualquer. Mas a fumaça era muito densa, de maneira asfixiadoramente leve. Assim como o amor.
                Então, o rapaz, julgado culpado, como de costume, lidava com a indiferença, as lagrimas, sentimento, a fumaça, enquanto pensava consigo: “de todas as garotas que eu tive, aquela pra quem eu abaixei a guarda deu o golpe final”
                Ela seguia como de costume. Não fez uma grande diferença em sua vida. Passou. Como passa o trem no domingo, da mesma forma que um pássaro em busca do seu sol, no verão. Pra ele, ficou. Até porque, mesmo que o fim seja inevitável, sempre, acabamos, em algum momento, nos perguntando: Fiz a coisa certa?
                Só que a certeza está longe de ser alcançada por alguém.   

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