29 de mar. de 2011

I remember you. (part 1)

Seu cheiro ainda está no travesseiro. Faz poucos minutos que você saiu, e eu sinto como fosse uma eternidade. Me lembra a vez em que você, sem muitos avisos, partiu para outro país: me deixou com a ressaca e algumas lembranças de uma noite atormentada, regada a tequila e pessoas desconhecidas.

São três da manhã e eu não te disse nem metade do que queria ter dito. Não mostrei nem um terço do que eu realmente sinto.

Algumas horas atrás, tivemos a nossa conversa mais íntima, a respeito de como realmente somos. Por certo receio, não deixei transparecer o que se passava: que a tempos não me sentia feliz como me senti essa noite com você, que seus beijos são de longe os melhores e mais saborosos que já tive, que seu cheiro me acalma e que essa sua voz “pra dentro” e esse resto de sotaque mineiro -que não te abandona- ficam na minha cabeça por mais tempo do que deveriam.

Você disse que voltaria amanhã.

Não é segredo que somos negações quando se trata de relacionamentos -como já discutimos essa noite-, e que estou cético com o que está acontecendo conosco.

Deveria ter dito que você foi responsável pelo meu amadurecer, que me deu o que faltava pra sair de um relacionamento ferrado com uma garota que não conseguia olhar para nada além do próprio umbigo. Se eu tivesse dito, não sei se teria, agora, a liberdade de ainda conversar com você como sempre fizemos. Essa sua reputação de durona -conquistada com sacrifício-, por mais que seja falsa, me mete medo e fascina.

Estou sóbrio e escrevendo -se é que pode ser tido como sóbrio alguém no meu estado. Suas palavras deixaram claro que tudo isso foi um “ato isolado” e jamais acontecerá de novo. Só sei que esse “ato isolado” foi o melhor que tive, e que talvez pudesse ser suficiente não só para uma noite, mas para uma vida toda.

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