18 de abr. de 2011

Tears in heaven

A única notícia que tive de você hoje é que está mal, doente de algo que nem você nem os médicos foram capazes de identificar. Minha vontade era te pegar no colo e te dar a proteção que você disse sentir quando está ao meu lado.

O dia passou, me vi impotente. Me senti fraco, doente como você por não poder te amparar nesse momento.

Agi da maneira como achei certo.

Você precisa do seu tempo, pois é durona, casca grossa; não dá o braço a torcer e não gosta de ser vista como alguém debilitada e que precisa de outro ser humano.

Passei o outro dia tão agoniado como naquela quarta-feira de cinzas, que trazia tal cor, deprimente para o meu humor e para minha vida. Tive poucas notícias suas, e não quis te incomodar com trivialidades, mesmo querendo desesperadamente estar ao seu lado, te enchendo de carinhos e mimos.

Na sexta, criei coragem e fui te visitar. Você estava pálida, um pouco mal humorada. Me lembrei de anos atrás, alguns meses antes de você ir embora: como sempre, eu insistia.

Naquele momento, ali com você, eu queria acariciar sua cabeça e dizer que iria passar rápido e que logo você estaria de volta, a encantar qualquer pessoa que realmente conseguisse te ver.

Fiquei pouco ao seu lado, pois sei como você presa sua liberdade.

Demorei a me despedir pois sabia que depois daquele momento não voltaria a te ver tão cedo. Também não tinha a certeza de que, quando nos víssemos, teríamos novamente o que tivemos nesses últimos dias.

Te dei um abraço forte e te beijei na boca. Você rapidamente exclamou: “tá louco?”, me encarando com aqueles olhos de ressaca, cansados pela doença. "Louco por você ", é o que eu deveria ter dito. Era o que eu pensava, mas falei qualquer coisa, pra não passar batido.

E sai, com o coração na mão –ou pelo menos o que sobrou dele-, rumo a minha casa, tentando não me deixar abater por toda essa situação, que você tratava como nada.

Um nó na garganta e o gosto frio dos seus lábios pálidos.

Caminhei de volta pra casa, de volta ao meu mundo, ao lugar onde eu realmente pertenço, e, talvez, de onde eu nunca deveria ter saído.

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