O céu nublado previa um temporal a qualquer momento, e, mesmo assim lá estavam eles. Aquele senhor de cavanhaque que mesclava pelos brancos, cinzas e pretos com o cabelo tão rajado quanto a barba e ainda mais bagunçado que o meu, encarava o pobre rapaz que com muito custo se lembrava dos ensinamentos de seu antigo mestre chinês.
“Seja como água.”
E o rapaz respirava fundo e encarava o velho de sorriso sarcástico.
“Sua vez.” Disse o senhor após reprovar um homem de calça azul manchada com graxa e suor.
Tremia como um bambu em noite de tempestade, ou um rio em plena cheia. O problema das tempestades é o mesmo das cheias, elas não duram para sempre.
Já enfrentara desafios antes, mas este em particular lhe metia medo. Eram coisas demais em jogo.
Travou os músculos, limpou a mente e agiu como água. Moldou-se ao necessário, deu partida no carro, ligou a seta e fez a volta perfeita sob o comando daquele veiculo automotor problemático.
No final daquele silencioso jogo de poder e habilidade, o velho ranzinza parabenizou e com dois tapinhas nas costas, um bilhete escrito aprovado e certa decepção mandou para casa o jovem homem que se sentia agora mais leve e firme.
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