22 de set. de 2012

Trágico... Ou não



                Carlos Eduardo era um rapaz ordinário, quase medíocre. Gostava de coisas medianas, o maior sonho era ter um carro.
                Não!
                Não estamos falando de um carro com personalidade, um clássico, estamos falando desses novos. Fabricados em massa, e todos, absolutamente todos, tem o mesmo defeito e na minha, singela, visão não passam de um monte de plástico.
                Mas ele queria. Quem sabe uma casa em um bairro médio e um emprego legalzinho com dois meses de férias.
                Carlos Eduardo conheceu mulheres, mas elas eram demais pro seu sonho. Ele queria alguém médio, que não bebesse, e tivesse um apetite sexual aceitável. Duas vezes por semana.
                Era tão exigente e tão chato que passou a vida só. Não comprou o carro, ficou com um pequeno apartamento que ganhou como herança de uma tia de segundo grau e teve 7 gatos. Carlos Eduardo morreu nesse apartamento, de uma parada cardíaca, que para ele era, só, uma pequena pontada no peito.  
                Foi encontrado meses depois, com o rosto comido pelos gatos em um apartamento empoeirado, sentado em uma pequena poltrona com um toco de cigarro coberto de teias de aranha em um pequeno cinzeiro, ao lado.

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