Carlos
Eduardo era um rapaz ordinário, quase medíocre. Gostava de coisas medianas, o
maior sonho era ter um carro.
Não!
Não
estamos falando de um carro com personalidade, um clássico, estamos falando
desses novos. Fabricados em massa, e todos, absolutamente todos, tem o mesmo
defeito e na minha, singela, visão não passam de um monte de plástico.
Mas
ele queria. Quem sabe uma casa em um bairro médio e um emprego legalzinho com
dois meses de férias.
Carlos
Eduardo conheceu mulheres, mas elas eram demais pro seu sonho. Ele queria
alguém médio, que não bebesse, e tivesse um apetite sexual aceitável. Duas
vezes por semana.
Era
tão exigente e tão chato que passou a vida só. Não comprou o carro, ficou com
um pequeno apartamento que ganhou como herança de uma tia de segundo grau e
teve 7 gatos. Carlos Eduardo morreu nesse apartamento, de uma parada cardíaca, que
para ele era, só, uma pequena pontada no peito.
Foi
encontrado meses depois, com o rosto comido pelos gatos em um apartamento
empoeirado, sentado em uma pequena poltrona com um toco de cigarro coberto de
teias de aranha em um pequeno cinzeiro, ao lado.
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