14 de jan. de 2013

Com Trato



                Eu me pergunto como podemos ser, as vezes, tão cegos.
                Dessa vez - acho - que foi o inconsciente. Ela entrou em contato. Ligou primeiro e disse que precisava falar algo sério “No bar de sempre, às 11”. Ele ainda meio paralisado não disse nada e ao sinal da insistência dela soltou um breve e quase inaudível: “aham”.
                Aquilo revirou suas entranhas, martelava sua cabeça e zumbia, como abelhas, marimbondos, qualquer coisa peçonhenta com pequenas asas e muita velocidade. Até a mastigação do irmão mais novo na mesa da lanchonete tomava proporções supersônicas. Não terminou o whopper, até porque depois da segunda mordida o que ficou furioso foi o seu estômago.
                Acessou o e-mail e estava lá: “Leve impresso e assinado”.
                Esse tanto de atitude, vindo dela, incomodava.
                Na barriga era como se a revolução francesa tivesse agora sido enraizada na mente de suas lombrigas: “Prise de La Bastille, mes amours!” e brigavam. Não se sabia se a front era nas têmporas ou na bacia. As borboletas, há muito já foram abatidas, o que restava ali era um asco.
                Mal chegou em casa e correu até a porcelana. Batizou-a como melhor amiga e fiel companheira, pelo menos por aquele dia e aquela noite.
                Sentiu-se aliviado por não ter podido ir ao encontro. Ligou meia hora antes, da privada mesmo, entre uma merda e um arroto de azia, dispensava suavemente a nada pobre, e, até um pouco insensata, garota.
                No outro dia levantou novo em folha. Nada de ir atrás e tratou logo de jogar o dia anterior no esquecimento, lá naquele compartimento para dias estranhos que todos temos na mente. Comeu duas frutas no café, tomou uma xícara de chá e no almoço comeu um pedaço de carne além do normal.
                Nega confiante, o que se passou com seu corpo foi uma reação ao café do shopping. Ela não teve nada com isso, afinal: “até parece que homens são afetados por mulheres, pff!”

2 comentários:

  1. O seu blog é mais pessoal do que podemos imaginar! E.. você é um frouxo.. Mas tudo bem.. ainda curto suas belas pernas :)

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    1. Provavelmente eu seja mesmo... E o blog não é assim tão pessoal.

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