6 de mai. de 2013

Blues do 302



                Acho redundância dizer que o blues é triste. Até porque, “blue” na língua inglesa pode significar tristeza. É um estilo sentido. Talvez seja impossível dizer: Não! A técnica. Ela só não é a protagonista.
                Tenho uma queda imensa por ele, assim como tenho por mulheres de olhos distantes. As de olhar vivo, também, chamam atenção, mas o olhar distante é mais forte. Sem utilizar dos recursos brutos, toma toda atenção dos observadores inquietos. Eu sou inquieto.
                Eles nunca se aproximam. Nunca.
                Meus olhos já foram chamados de distante, mas eu não sou mulher e é bem possível que fosse, naquele dia em questão, apenas uma ressaca mais forte. O blues se desenvolve com o sentimento, o sentimento e os olhos distantes me envolvem.
                Eventualmente a música acaba. Os olhos se vão, e, fica a saudade.
                Não que eu goste da palavra saudade. Ela só tem se mostrado frequente. A falta dos vazios e distantes olhos deixa um vácuo frio e inquietante. Pode ser, no final das contas, que eu não seja inquieto. É só uma falta chata. Daquelas que aperta o peito, que tira o sono alguns minutos, ou noites, talvez eu não seja inquieto.
                Quando os olhos se vão, a música para, sobra um blues ao fundo. Porque blues, pra mim, não é música, é só uma representação audível do que se sente.
                É confortante saber que não sou o único, e, que ela não detém os últimos pares de olhos distantes na terra.
                Enquanto olhos distantes não tomam de assalto à atenção e fazem crescer o blues, olhos vivos mostram um possível caminho. Mesmo que não tão atraente, porque dos olhos vivos se tem paz e dos olhos distantes o caos.
               

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