12 de mai. de 2013

éxéx



                Era noite e ela dizia: “Eu gosto é do estranho.” Pela lua que brilhava alta. Ela disse exatamente com essas palavras. A pele clara, os olhos escuros e com as sobrancelhas mal tingidas, repetiu esta frase algumas vezes.
                Impossível não questionar.
                É fácil gostar do estranho e se envolver com o normal. Eu, por exemplo, sempre gostei de cascavéis e não é por isso que me envolvo com elas. Entendo, claro, a posição da moça de cabelos avermelhados. O estranho dá trabalho.
                Mexe com autoestima, não no sentido bom. Tira o chão e não te dá nada em troca. Pelo menos nada satisfatório.  
                E a noite ia gelada e a cerveja acabava. Não que ela não fosse interessante sem a cerveja, ou bonita. Alguém que tem o estilo de vida que ela leva, sem colocar uma gota de álcool na boca, é no mínimo interessante, sem falar no rosto angelical e as poucas curvas, o timbre da voz, as pernas brancas.
                Consigo ver problemas, se nos envolvêssemos. Sérios problemas. Mas não vamos nos envolver. Porque a noite acaba, ela vai pra casa e eu pra minha, sobra à memória meio turva, falha.
                Caso pudesse dar um conselho ao eu do passado, ou, se por algum motivo ela pudesse ler o que escrevi, diria: Não saia de casa. Mas é claro que isto só serve praquela noite em questão.

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