Era
noite e ela dizia: “Eu gosto é do estranho.” Pela lua que brilhava alta. Ela
disse exatamente com essas palavras. A pele clara, os olhos escuros e com as
sobrancelhas mal tingidas, repetiu esta frase algumas vezes.
Impossível
não questionar.
É
fácil gostar do estranho e se envolver com o normal. Eu, por exemplo, sempre
gostei de cascavéis e não é por isso que me envolvo com elas. Entendo, claro, a
posição da moça de cabelos avermelhados. O estranho dá trabalho.
Mexe
com autoestima, não no sentido bom. Tira o chão e não te dá nada em troca. Pelo
menos nada satisfatório.
E
a noite ia gelada e a cerveja acabava. Não que ela não fosse interessante sem a
cerveja, ou bonita. Alguém que tem o estilo de vida que ela leva, sem colocar
uma gota de álcool na boca, é no mínimo interessante, sem falar no rosto
angelical e as poucas curvas, o timbre da voz, as pernas brancas.
Consigo
ver problemas, se nos envolvêssemos. Sérios problemas. Mas não vamos nos envolver.
Porque a noite acaba, ela vai pra casa e eu pra minha, sobra à memória meio
turva, falha.
Caso
pudesse dar um conselho ao eu do passado, ou, se por algum motivo ela pudesse ler o que
escrevi, diria: Não saia de casa. Mas é claro que isto só serve praquela noite em questão.
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