19 de jun. de 2013

Baldio



                Antigamente, onde tem esse lote aí, costumava ter uma casa. Pena olhar pra esse monte de entulho hoje e lembrar de como era. Teve uma vez, eu servia o exercito, me chamaram pra sacrificar um cachorro.
                Veterinário era difícil de achar, não que eu entendesse, mas é que eu não tinha medo de bicho bravo. Naquela casa morava um caçador de codorna. Levei o cão lá. Ele carregou a cartucheira, engatilhou a arma e atirou.
                Ele era bem supersticioso, então, quando a arma não descarregou e o bicho continuou vivo, o homem se sentiu mal em prosseguir. Chegou até a me perguntar se deveria tentar atirar de novo. Eu fiz com a cabeça que sim e ele apertou o gatilho. Eu tava habituado com barulho de tiro por causa do treinamento do exército, mas parece que naquele dia foi tão alto.
                Não consegui fazer mais nada.
                Passei o dia sentado, meio vidrado. Não tava rendendo. Lembro que o Sargento, a tardezinha, me chamou pra conversa. Queria saber por que eu tava daquele jeito, disse pra ele que não tava diferente não, era coisa da cabeça dele. A verdade é que eu tava apaixonado. Aquele cachorro me acompanhava sempre que eu saía pra jogar bola. Ele vivia por aqui, nas redondezas. Era meu amigo. Senti que tivesse matado uma pessoa.
                Eu viro aqui. Mudei de casa, agora moro nessa rua. Abraço e um bom dia pra você...

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