Antigamente,
onde tem esse lote aí, costumava ter uma casa. Pena olhar pra esse monte de
entulho hoje e lembrar de como era. Teve uma vez, eu servia o exercito, me
chamaram pra sacrificar um cachorro.
Veterinário
era difícil de achar, não que eu entendesse, mas é que eu não tinha medo de
bicho bravo. Naquela casa morava um caçador de codorna. Levei o cão lá. Ele
carregou a cartucheira, engatilhou a arma e atirou.
Ele
era bem supersticioso, então, quando a arma não descarregou e o bicho continuou
vivo, o homem se sentiu mal em prosseguir. Chegou até a me perguntar se deveria
tentar atirar de novo. Eu fiz com a cabeça que sim e ele apertou o gatilho. Eu
tava habituado com barulho de tiro por causa do treinamento do exército, mas
parece que naquele dia foi tão alto.
Não
consegui fazer mais nada.
Passei
o dia sentado, meio vidrado. Não tava rendendo. Lembro que o Sargento, a
tardezinha, me chamou pra conversa. Queria saber por que eu tava daquele jeito,
disse pra ele que não tava diferente não, era coisa da cabeça dele. A verdade é
que eu tava apaixonado. Aquele cachorro me acompanhava sempre que eu saía pra
jogar bola. Ele vivia por aqui, nas redondezas. Era meu amigo. Senti que
tivesse matado uma pessoa.
Eu
viro aqui. Mudei de casa, agora moro nessa rua. Abraço e um bom dia pra você...
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