Conheci
enquanto procurava garrafas. Oficio cênico, no Brasil, te obriga a ser
completo. Dizem que os atores, na pátria mãe USA, são um pacote divertido, tipo
Mc Lanche feliz, de cantores/atores/dançarinos, e chamam isso de “completo”.
Por aqui, nas terras tupiniquins, nós somos, além disso, cenógrafos,
iluminadores, maquiadores e todas as outras funções possíveis.
Lembro
de entrar no bar e perguntar: “Boa noite, senhor, você tem garrafas para doar?”
Só que eu não fui tão educado, era madrugada e o buteco estava lotado. Ela me
olhou com olhos confusos, não percebi quando passei ao lado de onde estava.
Como
todo bom brasileiro que bebe cerveja e não quer esperar, tentei, em vão, furar
a fila. Ela não me deixou, até puxou assunto. Quis saber o que eu faria com as
garrafas, viu o violão nas minhas costas e pediu que eu tocasse algo. Como
explicar para uma linda mulher que eu sou do tipo que prefere gaita?
Me
agradeceu por ter tirado um emergente coxinha da sua cola. Segurou firme o meu
braço, quando ele chegou, e disse que eu era o namorado. Sorri e acenei. O
restante da noite foi surreal, ambos gostamos desse termo, mas ela se foi. Nos
vimos de novo, como se fosse uma despedida.
Ainda
nos falamos e eu não posso negar que sinto ciúmes ao ouvir histórias de seu
novo noivo. A parte ruim em ser do teatro é que, até, os amores são efêmeros.
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